Os hospitais privados têm vindo a registar um aumento da procura devido à redução do número de médicos em algumas especialidades do SNS, mas também eles enfrentam a falta de clínicos, nomeadamente em dermatologia, pediatria e psiquiatria.
“O problema é que a procura cresce muito mais do que a oferta”, admitiu à Lusa o presidente da Associação Portuguesa da Hospitalização Privada (APHP), óscar Gaspar, acrescentando que, tal como no Serviço Nacional de Saúde (SNS), “o nível de atividade dos hospitais privados está muito elevado”, verificando-se insuficiência de médicos em especialidades como dermatologia, pediatria e psiquiatria.
O aumento da procura pelos hospitais privados regista-se numa altura em que o SNS tem falta de médicos em algumas especialidades, incluindo a medicina geral e familiar.
Isto, apesar de nos últimos anos ter aumentado o número de profissionais de saúde tanto no público como no privado.
O problema não é exclusivo de Portugal e explica-se pelo aumento da procura intensa por cuidados de saúde e também pelo facto de ter havido um “rebalanceamento” com a pandemia de covid-19, em que os profissionais de saúde passaram a valorizar mais a vida pessoal e familiar, defendeu.
“Temos os mesmos recursos, mas temos menos disponibilidade por parte dos recursos humanos, o que é uma rutura grande em relação àquilo a que estávamos habituados”, disse o presidente da APHP.
Óscar Gaspar referiu ainda que a procura pelos hospitais privados tem crescido também “pelo facto de as pessoas sentirem que não têm o acesso suficiente ao SNS”.
“Dados básicos mostram isso mesmo: há 1,7 milhões de pessoas sem médico de família e mais de 500 mil pessoas em lista de espera cirúrgica”, referiu.
Sobre a saída de médicos do público para o privado, considerou que “em causa não estão questões remuneratórias”, uma vez que há vários vínculos no SNS e alguns permitem salários superiores aos praticados no privado, mas sim “as condições de trabalho”.
Já questionado sobre o volume de negócios dos hospitais privados, Óscar Gaspar indicou que a associação não tem informação, no contexto atual de inflação, que gera maiores custos também para as unidades de saúde, mas salientou que em 2023 “os dados continuam a apontar para taxas de crescimento bastante elevadas em termos de atividade a todos os níveis, quer de urgências, cirurgia, quer de consultas de especialidade”.
Para sábado estão agendadas marchas em Lisboa, Porto e Coimbra contra a “degradação do SNS”, convocadas por vários sindicatos e com a participação de movimentos de utentes, uma iniciativa para reivindicar um “investimento sério” neste serviço público.
Lusa
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