A adesão à greve pela “valorização do trabalho” convocada hoje pelo Sindicato de Enfermeiros Portugueses (SEP) no Algarve oscila entre os 100% e os 70%, dependendo das unidades de saúde afetadas, disse fonte sindical.
O coordenador do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) no Algarve, Nuno Manjua, disse que a adesão à greve é de “100% no hospital de Lagos, de 75% no de Portimão e de 70% no Hospital de Faro”, as três unidades de saúde que integram o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA).
A mesma fonte disse ainda que “faltam apurar os dados dos centros de saúde” dependentes da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, mas frisou “há unidades nos 16 concelhos algarvios que também estão com 100% de adesão à greve”, convocada para exigir a contabilização do tempo de serviço para a progressão na carreira ou o pagamento de horas extraordinárias, entre outras reivindicações.
A Agência Lusa questionou o CHUA e a ARS do Algarve sobre a adesão à greve, mas não obteve resposta.
O representante do SEP no Algarve lamentou a ausência de abertura das administrações do CHUA e da ARS para negociar com o sindicato a resolução dos problemas que afetam os enfermeiros algarvios, frisando que se tratam de 100 profissionais nos centros de saúde e 400 nos hospitais.
“A resposta das administrações [da ARS e do CHUA] tem sido zero, por isso dizemos que há uma profunda desconsideração e uma ingratidão, porque sabem pedir aos enfermeiros tudo, mas quando estes precisam de resolver os seus problemas não arranjam uma horinha, sequer, para se reunir com eles”, criticou Nuno Manjua.
O coordenador do SEP no Algarve disse que, além da progressão nas carreiras, falta também avançar na “aprovação de um regulamento de horários”, nas “tolerâncias de 2020 ainda por gozar”, no “pagamento de trabalho extraordinário acrescido de 50%” que não foi pago na totalidade pelo trabalho efetuado no período mais gravoso da pandemia de covid-19 ou nas “milhares de horas de descanso devidas” e que deviam estar já a ser gozadas ou planificadas.
O dirigente sindical pediu também que sejam contratados mais profissionais e lamentou que haja enfermeiros “com 10 a 25 anos de serviço que continuam na primeira posição remuneratória da carreira, igual a um recém-licenciado que começa a trabalhar” agora.
Nuno Manjua assegurou que os enfermeiros algarvios vão continuar a luta pelos seus direitos laborais junto das administrações do CHUA e da ARS e apelou à participação da classe profissional numa manifestação convocada para 12 de maio, por ocasião do Dia do Enfermeiro, junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa.
A greve iniciou-se às 08:00 e vai prolongar-se até às 24:00.
Durante a manhã, cerca de meia centena de profissionais concentraram-se junto à principal entrada do Hospital de Faro para sinalizar o protesto e mostrar o seu desagrado às administrações do CHUA, recordando que o tempo em que eram “heróis” durante a pandemia deu agora lugar à “desconsideração” e à “falta de resposta” aos problemas destes profissionais.
Lusa
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